Como escrever a conclusão de um trabalho acadêmico? O final da jornada

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A conclusão é a última seção de um trabalho acadêmico. Para construi-la é necessário que o estudo tenha sido completamente realizado pois seus elementos vão dialogar com tudo o que já foi feito.

A essa altura o leitor já o entendeu o essencial o seu trabalho. Já teve uma apresentação na introdução, leu sobre noções importantes no referencial teórico, viu de que modo você chegou as suas conclusões nos procedimento metodológicos e já entendeu sua descoberta nos resultados. A conclusão é apenas um fechamento de toda essa jornada.

A seção final indica um grande “e daí” para todo o processo que aponta para a resposta da pergunta de pesquisa (você reponde à pergunta que levantou?); a contribuição (qual o valor do seu trabalho?); o diálogo com a teoria (o estudo reforça ou serve como crítica ao conhecimento que já existe?); as limitações do estudo (até que ponto o que oferece é válido?); e o apontamento de futuras pesquisas (como devem ser outros estudos para trazer mais avanços para conhecimento?).

Responder a pergunta de pesquisa

A pesquisa é uma investigação para entender melhor alguma coisa, algo de que se tem alguma dúvida. Toda essa indagação é representada por uma pergunta, que é a pergunta de pesquisa. Ao fim do trabalho, o leitor vai estar se perguntando se o pesquisador de fato deu uma resposta a essa questão.

Por isso, é interessante no início da conclusão resgatar a pergunta de pesquisa e mostrar ao leitor como ela foi respondida. Claro que isso já foi feito na seção de resultados, por isso na conclusão se vai apenas apontar uma síntese de como a pergunta foi respondida no trabalho.

Contribuição

Na sequência, sugiro deixar clara qual foi a contribuição do estudo. A contribuição é o que existe na pesquisa que ajuda a resolver o problema de pesquisa ou avançar no conhecimento.

Aqui vale resgatar a justificativa utilizada na introdução, como já comentei em outro texto. As justificativas apontavam as necessidades que levavam à construção do conhecimento, sejam elas acadêmicas, como, por exemplo, se falta algo na teoria ou se existe uma lacuna, isto é, se falta estudar algo sobre determinado assunto; ou necessidades práticas, mais relacionadas com a problemática, como pode ser o caso de organizações, grupos sociais, instituições que precisam do conhecimento da pesquisa em questão.

A contribuição vai ser a resposta de como a pesquisa atende as necessidades indicadas na justificativa. Nos meus estudos sobre experiência, costumo usar a justificativa de que existe uma necessidade econômica de aprimorar produtos que levam a se estudar o consumidor. Na contribuição, mostro como os meus resultados ajudam as organizações e instituições a aprimorarem seus produtos e serviços. Já na contribuição acadêmica, eu mostro como meu estudo traz uma resposta diferente das que estão postas, isto é, como ela preenche a lacuna que eu havia mencionado na justificativa.

Diálogo com a teoria

A conclusão pode ter também conteúdo que vou chamar aqui de diálogo com a teoria. A ideia aqui é discutir como o estudo em questão se relaciona com outros.

Imagine que os resultados encontrados em uma pesquisa podem apenas confirmar outras teorias existentes ou talvez tenha algo de novo que as complementem. Por outro lado, o que foi encontrado pode fazer surgirem contradições diante de um ou vários estudos que já existam.

Tudo isso ajuda o leitor a ter uma visão mais ampla do seu estudo e das realidade. Afinal, qual é a verdade sobre determinado assunto? Se seu estudo contradiz outros, pode ser que você tenha descoberto algo que vai mudar como as pessoas vão entender a realidade. Se não trouxer nada de revolucionário, ajudou a concordar e a reforçar o que já sabiam.

Limitações e futuras pesquisas

Nenhum estudo é perfeito, isto é, não responde tudo e nem responde de maneira perfeita às questões que tenta resolver. Por isso, é necessário deixar claro para o leitor qual são as limitações do seu estudo.

É bom destacar que, apesar das limitações, o estudo traz contribuições importantes. Então, é sempre bom deixar claro também que as limitações não desvalorizam o estudo.

Por fim, o pesquisador acena para outros pesquisadores mostrando a eles o que mais pode ser estudado sobre o assunto que abordou. É interessante que isso seja feito em conexão com as limitações. Se o estudo presente é, em certo sentido, limitado, outros estudos podem fazer o que este não foi capaz. É como se o pesquisador dissesse: “eu fui até essa linha, você pode prosseguir dessa linha em diante” ou “você pode fazer de uma maneira melhor do que eu fiz” ou “você pode complementar meu estudo”.

Como essas simples orientações é possível escrever uma conclusão de boa qualidade de modo claro, em harmonia com o restante da pesquisa e do texto, além de dar informações importantes ao leitor. Agora, você já pode fazer isso entendendo o processo e não só fazê-lo mecanicamente.

Professor Rodrigo

Doutor em Administração, professor e pesquisador há mais de 10 anos.

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